Quem são as pessoas de sucesso na vida? Sejam elas na vida profissional ou pessoal. Pensando nisso e no que o mundo do trabalho aponta como pessoas de sucesso, àquelas que se dão bem financeiramente e conseguem os bens materiais, eu tenho analisado e observado o quão isso é prejudicial ao potencial do ser humano que é infinito.
Fazemos tantas coisas na vida que não merecemos ter o título de sucesso se apenas conquistamos o dinheiro e os pertences que enaltecem muitas pessoas como carro importante e casas acima do padrão normal de uma construção singela.
Por e-mail, uma amiga do Recife me enviou um texto interessantíssimo sobre o tema de autoria de Marcos Cavalcanti, que tem uma coluna no jornal O Globo. Transcrevo na íntegra o texto para você lê-lo com atenção e sabedoria. Tenha momentos de reflexão e pense sobre o sucesso na sua vida.
Suba um degrau de cada vez em sua vida e alcance o topo do sucesso
Eis o texto:
Em geral, achamos que as pessoas de sucesso são ricas e/ou têm acesso e destaque na mídia de massa (TV e jornal). O resultado de nossa pesquisa confirmou isso. Com isso, o universo das pessoas elegíveis nos faz concluir que poucas pessoas deram certo na vida.
Na verdade, muito poucas.
Isso é uma loucura. Para cada Ayrton Senna, há dezenas de mecânicos e técnicos que contribuíram de maneira decisiva para as vitórias do grande piloto. Para cada Gerdau, há centenas de funcionários que não chegaram a ser gerentes, mas são felizes. Para cada Kaká, existem milhões de brasileiros anônimos que conseguem realizar seus sonhos. E essas pessoas são tratadas como uma multidão de fracassados.
Quando olha para a própria vida, a maioria se convence de que não é ninguém porque não conhece o castelo de Caras ou não possui um carro importado nem um apartamento maravilhoso.
Todo dia vejo porteiros semi-alfabetizados levando seus filhos para a escola. O Zé, porteiro aqui do prédio é um deles. O seu maior orgulho é poder contar que embora não tenha concluído o ciclo básico, conseguiu fazer seu filho mais velho entrar na Universidade. Conversei com esse filho esta semana e ele se mostrou super orgulhoso do pai que tem. Então, para mim, o Zé é um cara de sucesso!
A conseqüência de não valorizarmos as pessoas "comuns" é maior do que pensamos. Como aponta o consultor Roberto Shinyashiki, "O mundo corporativo virou um mundo de faz-de-conta, a começar pelo processo de recrutamento. É contratado o sujeito com mais marketing pessoal. As corporações valorizam mais a auto-estima do que a competência".
As pessoas decoram as respostas que devem ser dadas na entrevista de seleção e quem acaba contratado, via de regra, é a pessoa boa em conversar, em fingir, e não a mais competente. Como aponta Shinyashiki, o modelo de gestão adotado na maioria de nossas empresas "cria pessoas arrogantes, que não têm a humildade de se preparar, que não têm capacidade de ler um livro até o fim e não se preocupam com o conhecimento".
Todos os discursos e boa parte dos cursos procuram motivar as pessoas. Claro que muitas equipes precisam de motivação, mas o maior problema no Brasil é falta de competência. Além do que, os incompetentes motivados são capazes de fazer besteiras monumentais!
O Caetano Veloso tem uma frase que para mim é uma síntese do Brasil. Em 1968, quando o júri do festival da Record desclassificou sua música Alegria, Alegria, Caetano disse que "o júri é simpático, mas é incompetente". O brasileiro é, reconhecidamente, simpático. Morei na França por 5 anos e eles se acham (sobretudo os parisienses) antipáticos e nos reconhecem como um dos povos mais simpáticos do planeta.
Mas somos, em geral, incompetentes! Os vendedores não conhecem os produtos que vendem, o farmacêutico não é farmacêutico, atendentes não nos dão atenção e jogadores de futebol não conseguem falar três frases corretamente. Claro que isto é uma generalização redutora. A vida é muito rica e diversa do que esta afirmação genérica que fiz, mas acho que, em geral, é verdade.
Pior, como poucas pessoas conseguem ser elas mesmas e a maioria não consegue ter o que gostaria, parece que o objetivo de vida das pessoas passou a ser parecer... As pessoas parecem que sabem, parecem que fazem, parecem que atendem, parecem que se envolvem, parecem que acreditam. UHU!!!
Muito poucos são humildes para confessar que não sabem. A esperança de mudança continua sendo depositada em heróis. Quem vai salvar o Brasil? O Lula ou o Meirelles. Quem vai salvar o time? O técnico ou o jogador. Quem vai salvar minha vida? O terapeuta. Será???
Não somos super-heróis nem super-fracassados... Uma das coisas boas de uma crise (econômica ou pessoal) é que ela pode nos ajudar a entender que somos os únicos responsáveis pela nossa própria vida e que só depende de nós nos libertar dessa tirania da aparência.
Uma das coisas que procuro fazer para tentar evitar essa tirania é observar atentamente as pessoas que cedem a ela. Toda vez que vou ao barbeiro procuro ler a revista Caras para tentar entender o que se passa na cabecinha daquelas pessoas. E reparei alguns traços em comum entre elas.
Em geral são pessoas que gostam de aplausos e elogios públicos, precisam estar com alguém para se sentirem amadas e ter segurança e, em geral, lêem pouco (ou não lêem), e têm muitas atividades mas pouca reflexão. Vivem uma vida supostamente intensa e feliz, correndo de um lado para outro, atendendo celulares, correndo atrás de sonhos que não são verdadeiramente os delas...
Achamos que o sucesso são essas pessoas, como se o sucesso não tivesse um significado individual. Achamos que o certo é estar feliz todos os dias. Queremos comprar tudo o que pudermos (quando troquei de carro a secretária na Coppe me deu os "parabéns"... eu perguntei: por quê???). O resultado da pressa e desses valores é esse consumismo absurdo em que vivemos (olha o Natal aí, gente!! ou a Páscoa, o Dia dos Namorados, o dia da criança).
Por fim, ouvimos todos os dias os artistas, a mídia e os gurus dizerem para fazermos as coisas do jeito certo, como se houvesse um único caminho para se fazer as coisas, e eles fossem os únicos a conhecê-lo. As metas podem ser interessantes para o sucesso, mas não para a felicidade. Felicidade não é uma meta, mas um estado de espírito.
Tem gente que diz que não será feliz enquanto não comprar a casa própria, emagrecer ou casar, mas podemos ser felizes vendo a lua, o pôr do sol ou tomando sorvete; ficando em casa sozinho, estando com amigos verdadeiros, levando os filhos para brincar, dando uma volta no quarteirão de casa, indo ao cinema ou deitado em silêncio ao lado da pessoa amada.
O Drauzio Varella conta que quando trabalhava com pacientes terminais ninguém se lamentava, na hora da morte, por não ter comprado o apartamento dos seus sonhos ou por ter aplicado o dinheiro em ações, mas sim de ter esperado muito tempo ou perdido várias oportunidades para aproveitar a vida. E se, ao invés de grandes projetos, a felicidade for feita de coisas pequenas? Não é?
O mundo precisa de pessoas mais simples e transparentes.
Para mim, as pessoas de sucesso são aquelas que trabalham para realizar seus projetos de vida e seus sonhos, para ficar bem consigo mesmas.